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Por Erica Bastos.

O graffiti em tempos não muito longínquos foi muito criticado e odiado, porém nos dias atuais o que percebemos é que essa arte tem mantido uma expressiva presença em exposições, fóruns, galerias, além de espaço em museus, sem contar uma ampla utilização na decoração de interiores de ambientes privados, na publicidade e na moda. Seria a gourmetização dessa arte urbana?

Na zona leste, nos muros e paredes, rostos chamam atenção pela poesia, pela beleza e pelo traço. O autor é NO MARTINS, jovem da periferia que se encantou com essa arte de rua desde muito novo.

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No sempre pirou nas pichações e também no graffiti que via pela cidade, em meados de 2003 começou a fazer pixo e tags e depois o graffiti nessa época ele fazia uns rolê de “bomb” (estilo simples de letra e que é ilegal), sobre este período o artista lembra: “Usava só rolinho e látex, depois comecei a fazer umas letras mais elaboradas e mais coloridas, em 2007 comecei a fazer personagens”, afirma.

O artista mantém uma conexão muito forte com o hip hop, e o responsabiliza por muito o que aprendeu em sua vida artística, No lembra que quando passou pelo período de “pichação” e “bomb”, ia muito num pico na zona norte, o “Tio San”, um lugar que tocava só rap e rolava o UBC (União Bate Cabeça): “A gente ia pichando e ouvindo rap nas fita cassete no Walkman, e quando chegava lá encontrava grafiteiro, pichador, b-boy de todo canto de São Paulo, lá conheci muita gente”, esclarece.No

Esse caminho que a arte urbana percorreu, de estar em galerias de arte, exposições e etc, causa uma certa discussão entre os artistas, para No é
interessante uma arte que começou como vândala ocupar galerias ou campanhas publicitárias, mas acredita que rolou uma apropriação da arte, pois hoje ela está em todo lugar, de uma forma mais democrática, só que entra o lucro nesta história, “hoje as pessoas aceitam mais o graffiti porque não só o mercado da arte, mas o mercado em geral, se apropriou da arte urbana pra vender e lucrar, e isso a gente vê toda hora em campanhas publicitárias, em programas de TV e na moda. As pessoas veem como arte só o que elas acham bonito e como eu sempre digo a arte não tem que agradar”.

Para complementar essa questão o artista lembra que assim como a pichação, o graffiti na rua também é ilegal, há aqueles autorizados, inclusive pela Prefeitura e por empresas que apoiam a arte urbana, mas tem muita gente que tá ai fazendo graffiti sem autorização, no vandalismo mesmo, é o graffiti em sua essência.

O artista se prepara para uma exposição de suas telas na Austrália, o convite surgiu após representantes de uma galeria deste país ver seu trampo em sua conta no Instagram, a exposição chamada Happy acontece em maio deste ano. Além dos muros pela cidade você pode conhecer os trabalhos do artista no seu instagram @NOMARTINS1.

Publicado por Portal Bocada Forte

Pioneiro no Brasil, fundado em 1999, o BF tem como foco o original hip hop brasileiro e internacional, com ênfase na cena alternativa.

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