#ÉOVale é uma série de entrevistas produzidas pelo BF visando a divulgação do hip hop no Vale do Paraíba (SP), onde a cultura vem aumentando principalmente no cenário rap. Com qualidade e diversificação musical, grupos e MCs que surgiram e estão surgindo, levam adiante suas mensagens e idéias.
Nesta primeira entrevista, trocamos uma ideia com um dos primeiros nomes oriundos do Vale do Paraíba. Jornalista, pesquisador musical e compositor, MC RALPH está na caminhada desde 1999 e trás sete discos lançados. Conhecido pelas Batalhas de Freestyle, foi campeão da Batalha de MCs do primeiro Prêmio Hutuz. Lançou a mixtape comemorativa a sua caminhada, intitulada de “15 de Rap, 30 de Vida”, com participações de diversos nomes da cena. Além destes trabalhos, Ralph faz parte do Coletivo, onde se apresenta na companhia de DJ e banda, com uma nova roupagem, deixando de lado o velho paradigma do rap.
Bocada Forte: Este ano você disponibilizou a mixtape “15 de Rap e 30 de Vida”, com abordagem de diversos temas como religião, natureza, família entre outros. Como foi a compilação deste trabalho, desde a escolha das participações até sua compilação?
Ralph: Foram músicas lançadas de 2005 (mix tape no fundo do baú) até 2014 (música inédita RAP…) passando pelos 5 discos q lancei nesse período então cada música tem sua importância… Sua história… E nessa coletânea escolhemos as mais significativas no nosso ponto de vista passamos umas peneira e separamos 15 pra essa coletânea “15 de Rap”.
Bocada Forte : No que consiste o seu Afrorap?
Ralph: É um disco de rap com influência da cultura afro-brasileira dos Orixás todas as músicas tratam de uma força… De uma energia ancestral… E trabalham um pouco o esclarecimento sobre o sincretismo que existe. Por exemplo… Oxum, sincretizada com Nossa Senhora Aparecida, etc.
Bocada Forte : Recentemente você anunciou um novo projeto, intitulado “Coletivo”, nos fale um pouco sobre.
Ralph: O Coletivo foi uma idéia que surgiu para expandir as fronteiras do trabalho que desenvolvi durante estes 15 anos de caminhada no rap. A intenção é fazer um som mais orgânico unindo batidas de rap com alguns instrumentistas trazendo uma nova cara. Uma cara mais coletiva mesmo. Tem sido muito positivo fazer os sons nessa nova estrutura; porque a presença da banda acaba trazendo um sentimento mais vivo para os sons. Fora isso a intenção é ir agregando elementos ao Coletivo. Extrapolar os limites do som, intervir também através do graffiti e de outras áreas da cultura urbana. Estamos vivos! Nos reciclando, atualizando nossa maneira de expressão, pra que nunca falte inspiração. A parada das camisetas na cara surgiu naturalmente por causa da música 2081. Um som que eu canto acapella e que é uma mensagem com um caráter quase profético e que eu fui um aparelho somente nessa transmissão. Então me sinto melhor pra transmitir essa idéia desse jeito. Impessoal. Porque não veio da minha personalidade essa mensagem. Acredito nisso. E através disso percebemos que a camiseta na cara ali no início das apresentações e na divulgação do projeto, transmite esse sentimento de protesto mas também de sufocar um pouco o ego, sair um pouco das personalidades, do individualismo; fortalecendo o Coletivo. E uma influência direta também da música “Instinto Coletivo” da banda o Rappa e do Marcelo Yuka. Fundamentais na nossa educação musical.
Bocada Forte: Você acha que hoje, o Rap com banda atrai mais público do que o famoso “bumbo e caixa”?
Ralph: Não. Na real não acho isso do público. É relativo. A questão é mais de sonoridade do que de visibilidade mesmo. No meu ponto de vista.
Bocada Forte – As músicas nas apresentações do Coletivo, são um misto de vários artistas ou composições próprias?
Ralph: Tudo composições minhas. Meus raps, mas com outra roupagem. Novas versões para “velhas canções”.
Bocada Forte: Quem literalmente faz parte desse “Coletivo”
Ralph: Na verdade não estamos dando muito nome aos membros porque a ideia é ir saindo das personalidades mesmo. Temos uma formação fazendo algumas apresentações; mas quando formos gravar estamos estudando já novos membros que agregam na musicalidade. Fora isso, tem a história das participações; cada participação acaba virando uma parte do Coletivo. Na última apresentação já tivemos um grafiteiro envolvido. A parada é bem viva, está nascendo, se desenvolvendo.
Bocada Forte: Projetos futuros com o Coletivo?
Ralph: Trabalhar junto com a rapaziada nas músicas novas e seguir fazendo as apresentações. Agora em dezembro lançaremos um vídeo de uma música inédita e provavelmente em Janeiro mais um vídeo de outro som inédito. Já preparando o lançamento de um EP pro primeiro trimestre de 2015.
Bocada Forte: Nesses 15 de Rap e 30 de vida, o que foi agregado pro Ralph como pessoa?
Ralph: Tudo! o Rap é um dos maiores responsáveis pra minha formação como pessoa. Não tem como colocar em palavras o papel que a cultura hip hop tem na formação da nossa consciência. Só me resta agradecer todos os professores e fazer o meu melhor pra contribuir pra molecada e pra quem estiver na escuta e agradecer ao BF, que assim como eu, tá aí desde 1999, exercendo seu papel dentro do movimento. Levando informação e estimulando o conhecimento.
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Filho do Sr. Ceará, Dna. Graça e pai da Júlia. Nascido e criado na Zona Leste de São Paulo residindo atualmente na cidade de Jacareí. Multimídia do Portal Bocada Forte.