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Por: Nerie Bento, Hip Hop Feminino

No ultimo final de semana, estive no IV Forum Nacional de Mulheres no Hip Hop a convite das queridas Lunna Rabetti e Cristiane Moscou. O evento tem como principal objetivo reunir e fortalecer as mulheres de todos os Estados que fazem parte desta cultura.

Diálogos, palestras, oficinas, apresentações musicais e a Batalha da Liga Feminina de MCs fizeram parte deste grande encontro. Eu precisaria de muito tempo para traduzir tudo o que vivenciei e aprendi com essas mulheres. Ouvi relatos emocionantes que vão desde articulações de empoderamento da mulher a situações extremas de abusos e violência.

Foi lindo. E poderia ter sido mais, se estivesse um esforço verdadeiro de introduzir estas mulheres dentro do movimento. Movimento este que é extremamente machista, prova disto é poder contar nos dedos o numero de homens que prestigiaram.

O mundo é machista. Mas no hip hop deveria ser menos, uma vez que os homens enchem a boca para se auto intitularem “militantes do povo”. Que povo? Quem eles representam? As mulheres que não são. Abrem suas bocas para falar das mazelas do país e não se abrem para perceber ou discutir que o Brasil ocupa o 7º Lugar no ranking do feminicídio.

Poderia fazer uma lista de tudo o que já vimos acontecer dentro do movimento, o silenciamento, espancamentos, as chacotas, falta de oportunidades.
Mas prefiro dizer que nós mulheres não vamos parecer “homens” para sermos aceitas.

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“Vai lá e canta que nem homem”.
“Este grafite parece muito com o de fulano”.
“Estes passos são mais de homens”
“Mulher nunca vai discotecar como homem”

Outra historia será contada dentro do Hip Hop, protagonizado por mulheres e da forma que quiserem. Se não conhecem a Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop, não sabem nada. Não adianta saber toda história dos Racionais e negar a da Sharylaine. E não é uma comparação, é colocar no mesmo patamar de igualdade.

Ocupar é um direito e igualar as oportunidades é um dever. Esta reflexão é sobre isto, sobre como construir um movimento mais igualitário, sobre contemplar mulheres heteros, lésbicas, bissexuais e trans dentro de uma cultura cuja base é discutir a sociedade. Em 2015 eu ouvir que não existe mulher liricista ou letrista dentro do Hip Hop é inaceitável.

*Enquanto você lia e assimilava este texto, uma pessoa do sexo feminino sofreu algum tipo de violência. Isso porque a cada cinco minutos uma mulher é agredida no Brasil, de acordo com o Mapa da Violência 2012 – Homicídio de Mulheres.

Publicado por Portal Bocada Forte

Pioneiro no Brasil, fundado em 1999, o BF tem como foco o original hip hop brasileiro e internacional, com ênfase na cena alternativa.

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