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Ideia surgiu após levante contra projeto de lei do deputado Eduardo Cunha

Por portal Mulheres no Hip-Hop

Durante o mês de outubro deste ano, cerca de 15 mil mulheres foram ás ruas em protesto contra o PL Lei 5069 –  cujo objetivo é justamente complicar o acesso legal ao aborto, quando o estupro é uma das poucas condições que permitem que uma mulher receba orientações médicas –  do deputado Eduardo Cunha. O movimento inflou e ficou conhecido como a “Primavera das Mulheres”. A esposa do designer e tatuador Luiz Arnaldo Teixeira, de 41 anos, foi uma das que foram às ruas pelo fim das regras nos corpos femininos. E daí surgiu uma campanha silenciosa, mas marcante.

Gordo, como é conhecido, resolveu tatuar, gratuitamente, o símbolo feminista nas mulheres que assim quisessem e eternizar, nos corpos, a luta feminina por direitos básicos, como a garantia do aborto em caso de estupro.

Eu vi minha esposa indo a um dos protestos contra o Cunha e resolvi apoiar de alguma forma, com a minha arte”, contou.

E assim, várias mulheres tem ido ao estúdio dele, com hora marcada, e feito a tatuagem. A rapper Larissa Pimentel Zamboni, conhecida como Issa Paz, de 23 anos foi uma delas.  Membro da Frente Nacional de Mulheres do Hip-Hop (FNMH²), ao ser questionada sobre a decisão da tatuagem, ela conta que tem a ver com o empoderamento.

É sobre poder e toda transformação que ocorreu na minha vida de dentro pra fora depois que conheci o feminismo. E o empoderamento, no caso, é o de poder ser, poder fazer, confiar no que faz e fazer com segurança, Isso dá firmeza na caminhada, concretiza com mais facilidade nossos sonhos”, disse.

Desde os anos 1980 na cena do hip-hop brasileiro, Rubia Fraga Palazon, conhecida como Rubia RPW, também fez questão de tatuar o símbolo no corpo.  “Eternizei a luta no corpo”, destacou.

A responsável pela Frente de Mulheres do Hip-Hop, Lunna Rabetti também optou pela tatuagem. “Acho importantíssimo esse trabalho, essa forma de somar com a nossa luta, de eternizar essa marca no corpo de uma forma tão bonita e empoderadora”, comentou.

Para tatuar
Como elas, quem quiser fazer a tatuagem pode procurar Luiz Gordo pelas redes sociais e agendar um horário para fazer a tatuagem. O tempo da sessão varia entre 30 e 50 minutos, conforme o tamanho do desenho. A campanha vai até o final deste ano. Em 2016, quem pagar por uma tatuagem pode ganhar a do símbolo feminista como cortesia.

O procedimento é agendar e não furar. Como a tattoo é de graça, deixo de marcar outras para atender essas. Ela é gratuita, mas uma ajuda também é bem vinda, até para ajudar com o material”, explicou o tatuador.

Quando perguntado sobre ser homem e apoiar o feminismo, o tatuador relata que lida bem com isso. “A maioria [das pessoas] acham que quem apoia outras mulheres são gays. Não teria problema nenhum quanto isso. Eu não tenho problemas com preconceituosos. Prefiro ir para casa feliz por ter dado a alguém uma marca que tem um significado importante, que ela levará pela vida inteira. Na verdade, eu dei o chute inicial, as mulheres que vem tatuar que incentivam muito mais as outras”, finalizou.

*Interessadas em tatuar devem agendar horário com Luiz Gordo, pelo perfil no Facebook.

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