coluna_11-a-encruzilhada

Sabemos que é mais fácil falar dos anos 1980 e 1990. Então, como entender o que está rolando hoje?

A produção artística no seio do nosso hip hop continua em alta, principalmente no rap. Diferentes estilos, formas, discursos e gerações registram a atual fase do canto falado. Como ocorre em toda época, as condições sociais e econômicas favorecem um certo tipo de discurso, uma certa mentalidade que guia grande parte dos artistas.

Nos anos 1990, questões sociais e raciais colocaram o rap em evidência. A mídia repercutiu, a academia celebrou e utilizou o novo objeto de estudo, entretanto, outras formas do rap brasileiro foram deixadas de lado.

Atualmente, muitos acreditam que é preciso tirar o caráter racial e de classe para que o rap possa seguir livre, evoluir. Proclamam uma era pós-racial e pós-luta de classes. Mesmo assim, seguindo outro rumo, uma parcela dos artistas continua mostrando o rap e o hip hop como resultado da diáspora negra e da expressão dos mais pobres, dos excluídos. Temos exemplos nacionais e também temos acesso aos trabalhos inspiradores de artistas de outros países.

evolution-of-hip-hop1Digamos que os que proclamam hoje uma era pós-racial representem os que sempre sentiram excluídos de um hip hop negro e do gueto. Digamos que os temas e as formas atuais que estão em destaque proporcionam a entrada e a difusão de outras crenças, outros valores, princípios. Afinal, é disso que o artista trata em sua música. É sua visão de sociedade que ele representa em seus raps, mesmo que não seja sua intenção, mesmo que negue.

Podemos observar estes fatos, basta ouvir o que está sendo gravado e divulgado diariamente. Mesmo existindo o que costumamos chamar de resistência, sabemos que é mais fácil falar dos anos 1980 e 1990. Então, como entender o que está rolando hoje?

output_nGW7UH

Contexto
O BF não tem a intenção de ensinar nada. Os colaboradores do site também estão no olho do furacão, propomos reflexões.

Grande parte da velha escola pretende utilizar o olhar do passado para entender o que acontece com o rap atualmente. Afinal, a velha escola não morreu, existe e interpreta o que é produzido hoje.

Os artistas mais novos seguem o fluxo de informações e a hierarquia de pensamentos sobre cultura, política e economia, entre outros fatores que influenciam a vida e a arte. Fazem hoje o que a velha escola fez quando era a única escola.

Sendo da velha ou da novíssima escola, o nós e os eles produzem distorções. É disso que queremos falar. Convidamos artistas, militantes e blogueiros do hip hop para este debate. Vamos ver no que vai dar.

Publicado por Portal Bocada Forte

Pioneiro no Brasil, fundado em 1999, o BF tem como foco o original hip hop brasileiro e internacional, com ênfase na cena alternativa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *